Olá amigos tudo bem?
Hoje trago uma entrevista com Jussier Ramalho, um vendedor que começou vendendo biscoitos na feira, e hoje é um grande exemplo de superação, tornou-se conhecido e disputado para participar de grandes congressos e treinamentos em empresas. Espero que gostem! Forte abraço! Luciana Gomes
Nascido em meio às dificuldades de uma vida pobre, Jussier Ramalho se tornou um empreendedor de sucesso reconhecido e um dos dez palestrantes mais requisitados do Brasil. Com sua banca de jornais na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, ganhou grande notoriedade e chamou atenção de faculdades para palestrar sobre seu modo de gestão e empreendedorismo. Desde então, nunca parou com suas apresentações, entrando para o mundo corporativo e prestando serviços para grandes empresas como Banco do Brasil, Petrobras, Sebrae e Johnson & Johnson.
Sua projeção nacional partiu de seu negócio, a banca de jornais. Mas no início de sua carreira, com o que atuava?
Sempre trabalhei com vendas e inovei em todos os setores onde trabalhei. Quando era jovem, fui trabalhar em uma Kombi vendendo biscoito na feira. Chegando no local, o dona da Kombi, juntamente com outros vendedores, estavam estacionados, e todo mundo ficava esperando que as pessoas passassem depois da feira para oferecer os produtos que eram: pães, bolos, biscoitos e bolachas. Fui pela primeira vez trabalhar com ele, como auxiliar de venda. Minha função era ajudar a entregar os produtos e embalar. Aconteceu que, quando eu cheguei lá, na feira do interior do Rio Grande do Norte, eu vi que todo mundo passava e ia para feira, então comecei a olhar e percebi que todo mundo comia alguma coisa das barracas de doces, sucos e frutas pois, muitas vezes, as pessoas vão experimentando e, com isso, vai passando a fome.
Cheguei para meu chefe, dono da Kombi, e disse para oferecermos os produtos logo na chegada da feira e ele perguntou o porquê. Disse que as pessoas quando chegam na feira estão com mais fome e mais dinheiro.
Naturalmente, eu estava enxergando naquele momento um mercado altamente crescente, que as pessoas podiam explorar e que ninguém enxergava até então. Naquele momento, em 1973, eu estava inventando degustação – coisa que ninguém fazia. Nesta época, as pessoas não imaginavam degustar alguma coisa. Elas desciam dos caminhões, dos paus de ararás e eu ia cumprimentá-las, dizia para experimentar o biscoito e colocava na boca dos clientes. Eles gostavam e sentiam que deveriam comprar naquele momento. Assim, todo mundo começou a comprar, ou seja, às 10h30 da manhã, quando as pessoas estavam começando a voltar da feira para começar a comprar das outras Kombis, a minha já não tinha mais nada. Na outra semana, o dono pediu para repetir e as pessoas começaram a só comprar comigo.
Após isso, eu fui trabalhar como vendedor na Bahia onde, em 1980, comprei uma moto Turuna, modelo muito bom na época. Quando fui contratado pela primeira vez, a moça disse que eles só contratavam vendedores com carro. Como não tinha condições de comprar um, vendi a moto novinha por um Chevette Ret de 1974 e fui trabalhar como vendedor. Mais uma vez na vida, eu inovei. Como fui trabalhar como vendedor, eu observei que no Nordeste não existiam muitos carros com ar-condicionado e os profissionais chegavam suados para executar as vendas. Observei isso e levava no carro uma água de alzema com outra camiseta de manga cumprida. Eu me trocava e quando ia me apresentar aos clientes, que faziam um pré julgamento, achavam que eu era bem-sucedido, pois pensavam que eu andava com um Del Rey com ar-condicionado, pois não estava suado.
E o negócio da banca, como surgiu?
Os gerentes quando vêem você fazendo muitas coisas diferentes, começam a lhe evitar com medo de perder o lugar, pois, infelizmente, é assim. Quando alguém começa a se destacar, os outros “começam a te queimar”. Com isso, comecei a juntar dinheiro e pedi demissão, entre 91 e 92, para começar a procurar um comércio para mim. Vendi o carro e investi. Tive grande dificuldade nesta fase, aí veio um amigo e disse que tinha uma banca velha e a comprei com um cheque no valor de 2,3 mil reais. Comecei a perceber que todas as pessoas vendiam revistas da mesma forma, de calça jeans e chinelo, e não se importavam muito com a aparência. Na semana que eu e minha mulher começamos a vender, nos vestimos de camisa e calça brancas, o que já era um diferencial.
Em 1996, eu abri um lava jato em Natal. Contratei umas meninas, coloquei uns adesivos no peito, lavando os carros. Todos que lavavam tinham que entregar um kilo de alimento. Depois deste evento, muitas pessoas começaram a investir em lava jatos. Logo após este evento, a Tiazinha posou para a Playboy e, no dia do lançamento, ambientei minha banca como se fosse uma praia, coloquei uma modelo fantasiada de Tiazinha e, com isso, as vendas foram um sucesso. Os empresários em geral, não percebem as dicas dos clientes e deixam de garantir vendas por não se importarem com as solicitações de seu público. Ao invés de atender a demanda, eles ficam revoltados, reclamando do cliente. Com esta ação fui conseguindo visibilidade e rendendo pautas jornalísticas, ganhando convites para participar de palestras em Universidades.
Você imaginava que após esta experiência levaria a atividade de palestrante para frente?
Os clientes que frequentavam minha banca eram professores e um dia, um deles com a agenda cheia, pediu para eu dar uma palestra falando sobre as ações que promovia em minha banca.
Na outra semana tinha mais quatro turmas querendo que eu palestrasse sobre meu negócio. Com isso, comecei a tornar aquilo profissional, comecei a cobrar, e investi em um notebook. No entanto, meu lado empreendedor começou a ter problemas, as pessoas queriam palestras de graça, ninguém queria pagar. Eu vendi meu carro, peguei o dinheiro e fui para São Paulo, onde investi em um curso de oratória e assisti 10 palestras. Não vendo resultado imediato, comprei um espaço publicitário em uma revista com o dinheiro que sobrou para ganhar visibilidade. Após isso, recebi um convite para palestrar em um evento que iria acontecer em Florianópolis, não tinha cachê e nem transporte, apenas hospedagem. Lá encontrei outros palestrantes como Antonino Trevisan, Luciano Huck e Maurício da Nóbrega, com o qual fiz amizade e rapidamente conquistei a confiança. Na abertura da palestra do Trevisan, ele mencionou meu nome e disse que havia conhecido um magnífico vendedor e futuro palestrante. Com isso, a mídia se interessou e fui convidado para dar uma entrevista ao vivo em uma grande emissora. Resultado: teve muita audiência e fui convidado para 10 palestras somente naquele mês e foi assim que começou minha profissão de palestrante.
Seu livro “Você é sua melhor marca” é um grande sucesso. Por que vende tanto?
Eu não tenho formação academia, mas leio muito desde criança, pois, as mercearias embrulhavam tudo com jornais e eu costumava levar os jornais a noite para ler.
Uma vez fui dar uma palestra para Ricardo Bellino, sócio de Donald Trump no Brasil, e ele disse que queria falar comigo dizendo que tinha umas parcerias em São Paulo e que poderia me ajudar indicando o diretor da editora Campos Elsevier, pois minha história daria um bom livro. Chegando na reunião, o dono da Elsevier disse que eu teria que convencê-lo a publicá-lo. Comecei a argumentar, dizendo que existiam livros de empresários de São Paulo, Rio de Janeiro e estrangeiros, pessoas famosas e minha história era de um homem do povo, que tinha tudo para dar errado, mas deu certo. Porque eu nasci pobre e feio, o que é conseqüência do destino. Agora, morrer pobre e feio é incompetência e preguiça! Ele disse que eu não precisava dizer mais nada e que tinha 45 dias para entregar o livro. Na verdade, eu já tinha uma ideia na cabeça e, no fundo, meu livro, é uma autobiografia comentada.
Acredita que os profissionais, de modo geral, desenvolvem de maneira correta o marketing pessoal?
Muitas pessoas não sabem desenvolver bem este lado. Um bom exemplo é uma loja de carros: o cliente visita a loja, vê alguns automóveis e o vendedor lhe dá um cartão de contato. Este cartão tem todas as informações da loja, mas o telefone do vendedor é escrito a mão. Isto é um desserviço ao marketing que ele deveria construir. Construímos uma marca desde a hora que saímos de casa, e quando este cliente vai até a loja, deve ser muito valorizado pelo vendedor, pois o consumidor tem que ter uma experiência de compra. Comprar não é apenas trocar dinheiro por produto, mas sim uma experiência de aquisição. Então, voltamos ao cartão do funcionário da loja: com o telefone escrito a mão, o cliente tem a impressão de que aquele vendedor não é bom porque não ficará contratado pela loja durante muito tempo, pois não tem seu cartão personalizado. Isso passa uma impressão negativa. O Marketing é uma forma de fidelizar clientes.
Você é um exemplo de empreendedor. Com a economia do Brasil mais forte, muitos estão se arriscando em seus próprios negócios. Existe gente mais preparada arriscando neste sentido também?
A grande maioria ainda não. Muitos arriscam às cegas. As pessoas precisam saber que para investir, em qualquer segmento, precisam entender daquele universo. Por exemplo, um colega meu queria abrir uma banca de jornais porque adorava ler. Ele abriu o negócio dentro da garagem da casa dele, em um ambiente escuro, e num local pouco movimentado. Ou seja, tinha tudo para dar errado. A banca acabou não dando certo porque ele queria o negócio “para o umbigo dele”, queria o negócio para ele praticar a leitura.
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