Histórias de Vendedor - Com reza


Com reza

José era um vendedor de produtos de limpeza, atendia geralmente associações de classe, entidades filantrópicas, conventos e entidades similares.

Num desses locais, um convento, José nunca tivera oportunidade de efetuar uma única venda, apesar de várias tentativas feitas. A compradora e encarregada das finanças, uma madre avessa à presença de estranhos, e principalmente vendedores, era a causa principal de seu fracasso. Alias, ela nunca se dignara a sequer vê-lo, quanto mais conversar com ele. Segundo ele soube, a madre fazia os pedidos por telefone com um outro concorrente seu, mesmo que os preços desse concorrente fossem mais elevados e os material de inferior qualidade.

Ele, José, estava num impasse. Telefonar ele já havia tentado, sem resultado. Catálogos e lista de preços ele já havia deixado; porém, não chegaram nunca a serem vistos.

Num finalzinho de tarde, José fazia mais tentativa. Atendido numa saleta por uma freira, esta informava que a madre estava muito ocupada naquele momento e pedia a José para deixar um cartão para ser entregue a ela. Tudo exatamente como das outras vezes.

Eis que repentinamente começa a tocar o sino anunciado às 18 horas – como é praxe em certas ordens religiosas, este é o horário da Ave-Maria e todas as religiosas param imediatamente de fazer o que estão fazendo, e se dirigem a capela para rezar. Isso foi o que fez a freira que estava com José. Ela se desculpou, saiu e deixou José sozinho ali na saleta.

Nosso amigo vendedor permaneceu pensativo durante alguns segundos e já se preparava para sair, quando ouviu passos se aproximando do local onde se encontrava.

Imediatamente, e instintivamente, José se prostrou de joelhos, abaixou a cabeça, uniu as mãos e começou a rezar. E a pessoa que se aproximava era exatamente a madre. Ao vê-lo ali, naquela posição, perguntou quem era e o que fazia àquela hora e naquele local. José então explicou-lhe em poucas palavras e entregou-lhe um cartão seu.

A madre então secamente disse-lhe: “volte aqui amanhã as 9 horas”.

No dia seguinte, no horário marcado José foi (para espanto seu, por sinal) recebido com largos sorrisos pela madre.

A partir daí, e apenas para concluímos o caso, nosso persistente José passou a ser, durante muito tempo, o vendedor exclusivo daquele convento.

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